domingo, 24 de abril de 2011

A CIDADE E AS SERRAS (Eça de Queirós)



INDICADO.



José Fernandes narra a história de seu amigo Jacinto, um milionário afetado, contaminado e enfastiado pela vida que leva na rica e desenvolvida Paris. Em meio a concertos, jantares e aborrecimentos do dia-a-dia, vê-se obrigado a retornar repentinamente à sua propriedade na serra de Tormes, em Portugal, para tratar do traslado dos ossos de seus avós. Diante de um incidente que culmina com o temporário extravio de suas inúmeras bagagens, Jacinto passa, aos poucos e através de privações até então inimagináveis, não só a conviver com a gente simples da terra, como também a enxergar e valorizar as virtudes naturais da natureza local. Passa a interagir com o povo, e a pensar em criar alternativas para minimizar o sofrimento e a carestia que assolam o lugar, a ponto de passar a receber a alcunha de "bem-feitor". Os mais exaltados entendem tratar-se Jacinto do Rei Sebastião, que voltava para libertar o povo. Com esse envolvimento, Paris vai aos poucos deixando de ser seu lar, e o marco que simboliza esta ruptura é quando ele conhece a prima de Fernandes, dona Joaninha, com quem se casa e constitui família. Ao fim da trama, como que para consolidar a transformação por que passa o amigo, Zé Fernandes vai a Paris, e seu relato deixa latente s fegradação e a futilidade da sociedade predominante na grande cidade. Na sua volta à serra, a acolhida que recebe do amigo saudoso e sua família na estação de trem reflete de forma vigorosa -e quase onírica- da predominância da vida simples do campo sobre o desenvolvimento violento e desagregador reinante nas grandes cidades.


Pode-se dizer que, ao valorizar a simplicidade e opulência do campo, Eça pode ter antevisto os dias atuais, quando é cada vez maior o número de pessoas que buscam, no interior e na periferia dos centros industrializados, um pouco de refrigério que lhes permita continuar a brava luta da cidade.



Leitura Indicada: "Levantado do Chão", José Saramago.



Outras obras lidas do autor: Os Maias, O Mandarim, O Primo Basílio.












2 comentários:

  1. Amei a idéia do blog! Vou seguir! Abraços

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  2. Grande obra este livro do Eça. As descrições que faz da natureza são impressionantes, parece que estamos lá a vê-las.

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