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Registro magistral e autêntico de um período conturbado e turbulento da História recente do Brasil: em novembro de 1969, o líder da Aliança de Libertação Nacional (ALN) e dirigente comunista Carlos Marighella é atraído pela polícia para uma emboscada e morre em meio a um tiroteio, em S. Paulo, quando imaginava estar se dirigindo para uma reunião com frades dominicanos. Consumada a execução, segue-se a prisão de Frei Betto e mais três amigos, acusados de serem “responsáveis pelo esquema de fronteiras da ALN”.
O relato que se segue, em estilo epistolar, se constitui em um documento de leitura obrigatória para um breve entendimento de um dos episódios que marcou parte do regime militar no Brasil em uma de suas fases mais contundentes –os anos 1970.
Betto entremeia o discurso contido em sua correspondência –remetida aos pais, aos amigos, aos colegas, aos irmãos de fé- entre a política e a igreja, ao longo dos quatro anos de cárcere, convivendo com presos comuns e refletindo sobre a importância da participação dos homens de bem para transformação do ambiente social e político. Refere-se às injustiças e à manipulação da massa para o assentamento do sistema capitalista, através da alienação e do uso de práticas repressivas.
As passagens mais monótonas –ainda que não menos belas, sobretudo devido aos ensinamentos de cunho cristão- são as que se referem ao momento político da Igreja, quando os textos são repetitivos e panfletários.
Não há como evitar a referência às cartas do Apóstolo Paulo que, quando esteve preso, utilizava-se de cartas para manter contato com as Igrejas cristãs.
O leitor não encontrará, nas Cartas de Betto, uma única linha ou referência sobre o episódio que culminou com sua prisão e condenação, o que pode levar à presunção talvez errônea de culpa. Diante, porém, das lições de vida, senso de justiça e espiritualidade constantes nas Cartas, ser culpado ou não passa a ser, pelo menos neste momento da História, irrelevante.
Destaque também para a primorosa abertura, a cargo de Alceu Amoroso Lima.
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